A noite já estava alta e dava aso aos pensamentos que não nos assombram durante o dia. Perguntei-me se haveria um dia em que eu não pensasse na avó, perguntei-me se deveria esperar por um tempo em que ela seria somente uma memória distante, lembrada apenas no aniversário da sua morte, ou talvez algumas semanas depois, lembrando-me apenas depois de ter esquecido. Eu sabia que conheceria mais pessoas mortas. Os corpos vão-se empilhando. Haveria um espaço na memória para todos eles, ou esqueceria um bocadinho dela todos os dias, até ao fim da minha vida?