Caminho para o espelho e admiro o meu semblante, algo que resultou da mistura do ADN de minha mãe e meu pai.
A minha testa enruga-se à medida que os pensamentos se aclaram na minha mente e o meu corpo reage a eles deliberadamente. Sem muito esforço os meus olhos encontram os olhos meus que me observam pelo espelho, esbugalhados e arregalados já de si, que escondem aos outros memórias antigas e mundos complexos aos quais não facilito descoberta. Estes, acastanhados, expressam o que o corpo omite. Lembro-me de uma vez, enquanto eu tentava esconder a tristeza, me dizeres: "Your mouth is smiling but your eyes look all sad". E com isto disseste tudo e em tão poucas palavras! Ah, tempos que tanta falta me fazem..
Os meus lábios, finos e rosados saboreiam os mares que remaram e os que remarão, nunca aqueles em que navego, esses ficam esquecidos, de lado, à espera que alguém apareça e me recorde da sua existência. Alguém que não desapareça, que não vá embora, que não adoeça, que não morra. Alguém que fique.
O meu corpo encolhe-se, conformando-se com um nada constante que abraça a vida.