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Os dias custaram a passar para mim, e quando penso no número de dias que passei sem ti, desespero. Há quanto tempo não vejo tuas feições belas e teu cabelo cor de cal. Há quanto tempo não vejo teus olhos de azul mar quando a maré está brava. E teu sorriso.. Ah, teu sorriso!, com aquela pequena falha onde cabia tanto génio de bondade como de maldade.
Lágrimas escorrem-me pela cara e ajoelho-me no chão, estou cansada.
Que é de ti? Decerto que a terra e seus filhos já trataram de provar o teu corpo enterrado pela morte. Tu já não és tu, só ossos restam. Secalhar nem isso.
Tu já não existes. E eu morro por dentro mais um bocadinho sempre que o digo.
Não gosto de cemitérios, e fico sentada no meio dos carros no estacionamento. E quando ele me vê, sem medo de rejeição, levanta-me e sustenta o meu peso chorando comigo.
Hoje não consigo obrigar-me a odia-lo. Hoje não tenho forças.
Não. Hoje não.