(...)
- Talvez tu não me conheças, mas eu conheço.
Penso que nesse momento ele tentava perceber se eu dizia coisa com coisa, mas não foi malcriado ou antipático, simplesmente disse:
- Ah sim? E de onde? - sorriu, como se eu fosse a sua irmã mais nova para a qual ele se revestia de paciência todos os dias.
- Vejo-te passar de manhã cedo, de mochila às costas e auscultadores nos ouvidos, absorto da realidade, como se a vida pudesse caber toda nesse aparelho por onde ouves música.Por vezes cantas e fazes-me rir. Não, não me rio por gozo, é apenas porque gosto de te ouvir cantar.
À noite quando chegas da escola e passas pela minha janela, continuas com um sorriso igual ou maior aquel com que partiste. Questiono-me o que te fará tão feliz. Será somente a alegria que surge depois de um dia de cansaço quando voltamos para casa? Ou será que alguém te faz sorrir assim?
Encontro-te mais uma vez, nos meus sonhos e aí temos grandes conversas que duram dias e dias sem cessar.